Gramado

Descubra 13 experiências gastronômicas imperdíveis em Gramado

Apfelstrudel alemão, massa italiana e até sabores do Tibet - muito além do fondue, prepare o estômago e surpreenda-se com este roteiro gastronômico da região de Gramado

Uma das coisas que mais me impressionou quando visitei Gramado (RS), em novembro de 2019, foi a variedade gastronômica da cidade e da região em seu entorno – tem comida de todo o lugar do mundo. Além disso, mesmo sendo uma potência turística, cada cliente é tratado como rei e o os garçons não poupam esforços para explicar cada prato, cada história. E a comida, além de farta, é deliciosa – acredite, você não conseguirá sair de Gramado sem ganhar uns bons quilinhos!

Neste artigo, apresento 13 experiências gastronômicas (e mais uma de bônus) que tive por lá e dou dicas de lugares imperdíveis para comer em Gramado – alguns deles, inclusive, dentro de hotéis bacanas, como o novíssimo e descolado Hotel Wood (de 2018). Prepare o estômago e vamos nessa!

*Os preços variam ano a ano e de acordo com a temporada – para verificar os valores mais recentes, recomendo clicar nos links para cada restaurante.

1. Prove massas caseiras em uma autêntica cantina italiana

A imigração italiana na Serra Gaúcha data do século XIX, mas os sabores e tradições continuam até hoje. Uma prova disso são os diversos restaurantes no estilo cantina italiana, com massas artesanais, vinhos e azeites que surpreendem o cliente.

Comi na Cantina Pastasciutta, uma das mais antigas e movimentadas da cidade e posso dizer que a experiência por lá é sensacional. Casa cheia, falatório e uma decoração em vermelho, branco e verde chamam a atenção logo de cara (repare nos “abajures” feitos de escorredores de macarrão que iluminam as mesas).

Pedi a meia porção do tagliatelle de espinafre com molho Capo du Mont, massa à bolonhesa com quattro fromaggio e champignons, e tenho que dizer que a meia porção dava para duas pessoas, facilmente. A pasta tem uma consistência firme e o molho é saborosíssimo – adorei a mistura dos queijos com o molho à bolonhesa!

2. Esquente o corpo com um incrível chocolate quente cremoso

Em um toque de genialidade, Gramado combinou o friozinho de serra e sua fama com doces e chegou ao delicioso chocolate quente cremoso. Servido em alguns cafés e chocolaterias da cidade, a delícia agrada até os menos fãs de doce como eu (sim, acredite).

A Casa da Velha Bruxa é um clássico da cidade e o chocolate quente por lá vem servido em um copão bastante generoso – dá até para dividir entre duas pessoas. Ótimo para famílias e casais, o restaurante em si é relativamente pequeno e bem aconchegante.

Com paredes de madeira e lustres que parecem feitos de galhos de árvores ou chifres de algum animal, o local vive cheio. Porém, meu chocolate veio em menos de 5 minutos e o serviço é rapidinho. Vale uma passadinha quando for visitar os atrativos do centro!

3. Curta a vibe descolada no restaurante de um hotel moderninho

O Hotel Wood, dos mesmos donos do tradicional Casa da Montanha, foi fundado apenas em 2018 e o seu restaurante já dá o que falar em Gramado – com decoração moderninha e ampla carta de drinks, o local é perfeito para quem curte slow food (tipo de gastronomia que favorece o produtor local e, é claro, foca no prazer de comer sem pressa). Enquanto me entretia com a decoração do local, a garçonete não poupava esforços para me explicar cada prato e drink dali – super atenciosa!

De entrada, pedi carpaccio de tatu defumado, cuja consistência estava sensacional. Já como prato principal, apostei no Entrecot dos Pampas, grelhado com aligot de aipim, queijo colonial e farofa – que sabor único! E para acompanhar pedi o delicioso Heaven from Hell, drink com toques de pimentas tabasco e rosa (picante versus aromático). Não queria sair daquele lugar e experimentar todos os drinks e pratos da casa – menu muito criativo!

4. Perca a conta dos vários tipos de carne num rodízio no Sul

Ok, Gramado pode não ser exatamente a capital do churrasco, mas convenhamos que o Rio Grande do Sul como um todo tem a fama de mandar bem no assunto. Visitei a Churrascaria Chama de Fogo, um pouco mais afastada do centro, e não me arrependi – a variedade de carnes é impressionante e o rodízio não para um instante. Os garçons são extremamente simpáticos e o ambiente é amplo e iluminado – perfeito para famílias e grupos grandes.

Ah, e além do rodízio hipercompleto, ainda dá para guardar um espaço no estômago para aproveitar o buffet da casa, com saladas, legumes, frios, queijos e muito mais. Vá com fome!

5. Deguste a gastronomia alemã no hotel mais antigo da cidade

Que o Hotel Rita Höppner é um dos mais incríveis de Gramado, isso a gente já sabe. O mais antigo hotel da cidade, de 1958, tem uma das maiores avaliações no trivago e um charme impressionante. Agora, o que você provavelmente não sabia é que o restaurante do hotel, o Höppner, serve uma comida alemã de tirar o fôlego. Basta lembrar que o Ritta foi fundado por um alemão e uma brasileira de descedência deste país.

Ao chegar no local, você se sente em um castelo – a decoração é cheia de detalhes (louça prateada, quadros na parede, tecidos de qualidade nas mesas). E o atendimento? Sorriso pra lá, bom humor pra cá – uma experiência digna de realeza.

Apostei no pato com molho de frutas vermelhas, purê de batata e legumes e não me arrependi. Te juro, o negócio é de outro mundo – a maciez do pato combina (e muito!) com o sabor das frutas. Não conhecia esta combinação e fiquei surpreso. Para acompanhar, pedi um suco de uva branca natural (algo comum no cardápio de todos os restaurantes da cidade).

6. Experimente uma sopa quentinha dentro de um pão italiano

Convenhamos: quem não gosta de uma sopinha em um dia de frio? E em Gramado as opções são muitas – desde a tradicional sopa de capeletti até outras combinações que garantem fartura e ótimas fotos para o Instagram. É o caso da sopa de legumes da Casa di Pietro, bem no centro da cidade, que vem dentro de um pão italiano e é uma delícia.

O restaurante, especializado em sopas, fica no porão da famosa Igreja de São Pedro e tem uma decoração religiosa bastante interessante (no banheiro, por mais bizarro que possa parecer, cantos gregorianos garantem a trilha sonora). Por lá, o cliente pode pagar um valor fixo pelo buffet de sopas ou escolher o prato preferido no menu à la carte. Sinceramente, os dois valem a pena e tudo mais depende da sua fome do que do preço em si.

7. Sinta o prazer de provar uma sopa de capeletti caseira

E falando em sopa, me surpreendi com a receita da sopa de capeletti da Pousada Jardim Secreto – tão bem temperada e quentinha, que repeti umas 3 vezes durante a minha estadia por lá. É uma receita caseira e vem acompanhada de pãezinhos crocantes e queijo ralado – uma delícia por completo!

Se você não tiver a chance de se hospedar na pousada e comer a iguaria por lá, a cidade é cheia de locais que servem o prato. Um deles, o Nonno Mio, faz parte da próxima experiência que apresento neste artigo (a número 8) – por lá, a deliciosa sopa é “apenas” a entrada de um jantar típico italiano.

8. Descubra uma sequência de galeto colonial italiana

Você já escutou falar em sequência (ou rodízio) de galeto? Eu não sabia da existência até visitar Gramado – e mais: descobri também por lá que o galeto foi trazido ao Brasil pelos italianos. A história é a seguinte: quando chegaram à Serra Gaúcha, os imigrantes tentaram trazer com eles receitas de seus pratos favoritos, mas nem sempre os ingredientes eram facilmente encontrados (ou permitidos) no Brasil. O galeto, por exemplo, é derivado da passarinhada italiana (sim, com passarinhos, pombos…) e, no Brasil, foi adaptado com pequenos frangos (a caça a passarinhos é proibida por aqui).

Enfim, entre outros, um ótimo lugar para provar esta iguaria é o Nonno Mio, restaurante no centro de Gramado e com um atendimento impecável. Recomendo muito a sequência de galeto, que traz à mesa outros sabores tradicionais ítalo-gaúchos, como a polenta frita, a sopa de capeletti, o radicci (vegetal similar à rúcola) e a salada de batatas (com um igrediente surpresa que deixarei você descobrir com a casa!). E de sobremesa, para fechar com chave de ouro, recomendo o sagú com creme.

9. Encante-se com o vinho (e o visual!) de uma vinícola boutique

O Vale dos Vinhedos, na Serra Gaúcha, é um roteiro super famoso entre os turistas que visitam a região. Porém, nem todo mundo sabe que é possível visitar vinícolas de qualidade sem sair de Gramado. Uma delas, e talvez a mais famosa, é a Vinícola Ravanello, a 15 minutos de carro do centro da cidade.

Com um conceito “vinícola boutique”, o local tem apenas 8 funcionários (dentre eles os donos, da família Ravanello) e produz em escalas pequenas. Em outras palavras, o atendimento personalizado é garantido por lá!

No tour guiado de 60 minutos, o turista conhece os parreirais e todo o processo de produção dos vinhos da casa – destaque para o vinho Dionísio, carro-chefe de lá, feito de um blend de uvas de cada safra. Ao fim do tour, recomendo bastante bater um papo com o Alexandre ou o Normélio, donos da vinícola – as histórias da família são bem bacanas!

10. Descubra o mundo das carnes de caça num premiado hotel

O hotel Casa da Montanha é um dos mais incríveis de Gramado – com decoração única na época do Natal Luz, é também um dos nossos hotéis que valem a viagem na cidade. Não satisfeito com todas estas características que atraem milhares de turistas todos os anos, o Casa da Montanha é também lar do premiado restaurante La Caceria. Especializado em carnes de caça, é um dos locais mais charmosos que apresento nesta lista (o preço é, também, um pouco mais elevado).

Agora, vou te falar a verdade – o que mais me surpreendeu por lá foi o prato que pedi, denominado “Carne de Jacaré do Lago Negro”. A carne, salpicada com farofa de paçoca e queijo brie derretido, e o risotto de acompanhamento estavam tão saborosos, que a vontade foi de repetir. Caso não saiba (também descobri por lá), a carne de jacaré se assemelha a de frango e o sabor, aliado à maciez, é algo inexplicável. Para acompanhar, pedi um negroni, que vem decorado com uma casca de laranja flambada na hora!

11. Chegue perto do paraíso com o Apfelstrudel de Canela

Cara, o Apfelstrudel do Castelinho Caracol de Canela, cidade colada em Gramado, foi um dos melhores doces que já comi na minha vida. O folheado de maçã típico da Alemanha ganha uma adaptação abrasileirada por lá e o resultado é fora de série – pedi a versão com nata (creme de leite fresco) e não me arrependi (é possível pedir com sorvete como acompanhamento). Para beber, fui direto no chá de maçã com canela, cujo aroma é bastante presente no pequeno e aconchegante café.

O Castelinho Caracol é uma das primeiras residências coloniais alemãs da região e data do início do século XX. O café fica na antiga sala da família Franzen e coladinho na cozinha, cujo forno e alguns utensílios são originais da época. Do lado de fora, você pode visitar armazéns e galpões onde trabalhava o dono original, além de uma lojinha com souvenirs típicos da Serra. É uma experiência cultural e gastronômica, não tem motivo para perder!

12. Coma, literalmente, de tudo em um tradicional café colonial

Antes de mais nada, vou ser bem sincero: se decidir visitar um café colonial em Gramado (ou em outras cidades da Serra Gaúcha), recomendo que vá em grupo de quatro pessoas ou mais. Caso contrário, você vai sofrer para comer e será um baita desperdício.

O café colonial é uma experiência típica em alguns estados do sul do país, como Rio Grande do Sul e Santa Catarina, e resume-se a um belo banquete que deixa qualquer um alimentado por um dia inteiro. Não se perca na lista: bolinhas de queijo, polenta, risole, frango à milanesa, porco, linguiça, pães, geléias, legumes, doces, tortas, sucos, café e até vinho são iguarias encontradas em um café colonial tradicional, como o Bela Vista, um dos mais famosos de Gramado.

13. Surpreenda-se com um bombom de pinhão flamejante

Confesse que ficou curioso, vai! No restaurante ACRIS, de 2019, a ordem é servir comida orgânica, saudável e sustentável, quase toda originária de produtores locais. Anexo ao Hotel Serrazul, no centro de Gramado, o ACRIS é uma opção diferente na cidade. Quando fui, as opções de pratos à la carte se combinavam com dois tipos de degustações: uma mais simples, em 4 tempos (ou pratos), e outra mais elaborada, em 6 tempos. Optei pela primeira e acertei, já que a outra seria muita comida para uma pessoa só.

Comi um pouco de tudo por lá: carpaccio de truta com molho de limão, truta com mandioquinhas e até chocolate de sobremesa. Porém, o que mais impressionou foi o bombom de pinhão, que chega à mesa pegando fogo (literalmente) – não sabia, mas o pinhão é uma iguaria bem famosa na Serra Gaúcha e toda a apresentação do prato justifica, por si só, a visita ao restaurante. Recomendo esta experiência, que, além de sustentável, é saborosa!

BÔNUS: mergulhe na cultura do Tibet em plena Serra Gaúcha

Você sabia que a pequena cidade de Três Coroas, a 30 minutos de carro de Gramado, é a casa do maior templo tibetano da América Latina? Ele fica no alto do morro e tem uma paz indescritível – as cores, os sons e a vibe por ali são difíceis de colocar em palavras. Com visitação gratuita, o templo é uma dica de passeio na Serra Gaúcha que dou sem pensar duas vezes, seja você religioso ou não. E mais um motivo para você incluir o local no seu roteiro é a culinária tibetana, representada por mais de um restaurante em Três Coroas.

O Espaço Tibet, por exemplo, é o primeiro especializado neste tipo de gastronomia no Brasil. Apesar de ter escutado falar super bem de lá, visitei o Platoo Café e Jardim, que fica pertinho do templo. Quer saber o porquê desta escolha? O simpes fato deste restaurante estar localizado no topo da montanha e a refeição ali ser acompanhada de uma vista deslumbrante.

Sentei do lado de fora e pedi um prato com os tradicionais momos (bolinhos tibetanos). Para acompanhar, um chá gelado de limão e canela – bem diferente. A comida é gostosa, mas é toda a experiência zen do local que chama mais a atenção – um almoço único!

A foto de capa é cortesia do Restaurante Acris.